terça-feira, 15 de maio de 2007



A Nova face do mundo
→ Quais são as principais características geopolíticas do planeta, neste inicio do séc. XXI?
→ Os Estados Unidos dominam o mundo como nenhum outro império o dominou;
→ As empresas e grupos privados são os conquistadores actuais - autor compara época das colonizações de territórios por parte dos Estados com época das conquistas de mercados por parte das empresas;
→ Pouca força das estruturas tradicionais – do Estado (politica) e do social;
→ Entidades caóticas e ingovernáveis; a força vence o Direito; pilhagens de populações; migrações, insegurança, violência endémica, surgimento de novas ameaças: hiperterrorismo, fanatismos religiosos e étnicos, proliferação nuclear, crime organizado, máfias, corrupção, pandemias, etc.
→ Os 3 protagonistas à escala mundial são: Associações de Estados (UE, Mercosur, Asean etc); Empresas globais e grandes grupos financeiros e mediáticos; ONGs.
→ Panorama mundial é mais determinado pela OMC que pela ONU;
→ Aparecimento de movimentos de cidadãos que se manifestam contra os novos poderes;
→ Novas fontes de riqueza: saber, informação, capacidade de pesquisa e inovação;
→ Agora mais que nunca são necessários contrapoderes (partidos, sindicatos, imprensa livre) que equilibrem contrato social e privado;
→ Substituição dos dois pilares onde assentava a democracia (progresso e coesão social) por outros dois (comunicação e mercado);
→ Neoliberalismo como grande vencedor do confronto ocidente/leste, traduz-se na globalização;
→ Os principais desafios que se impõem neste início de séc. – a tecnociência cada vez mais virada para o mercado, a poluição e as alterações climáticas, a escassez de água potável, protecção da biodiversidade, a morte das florestas, travar o esgotamento de recursos, por fim à fome de milhões de seres humanos;
→ Noção de “desenvolvimento sustentado” cada vez menos compatível com a actual lógica de desenvolvimento de mercado;
→ Necessidade de uma utopia, de uma nova racionalização do mundo. “Mas haverá hoje espaço, entre as ruínas do sonho socialista e os escombros das nossas sociedades desestruturadas pela barbárie neoliberal, para uma nova utopia?” – necessidade de um contra-projecto global.

11 de Setembro de 2001: Guerra mundial contra o terrorismo
→ O que é que nos assegura que os Estados Unidos da América é um país inocente?
→ Por todo o mundo, o sentimento expressado em relação aos atentados que os EUA sofreram no dia 11 de Setembro foi de pena mas ao mesmo tempo de justiça.
→ Ao longo da Guerra Fria (1948-1989), os EUA foram responsáveis por milhares de comunistas mortos no Irão, duzentos mil opositores de esquerda suprimidos na Guatemala, mais de meio milhão de comunistas aniquilados na Indonésia, etc...
→ Durante estes anos, os EUA organizaram, através da CIA, atentados em locais públicos, raptos de opositores, desvios de aviões, sabotagens e assassinatos.
→ Após o 11 de Setembro os EUA fixaram vários objectivos de Guerra: Desmantelar a rede Al-Qaeda e capturar Osama Bin Laden.
→ A caça aos “terroristas” pode ser um atentado às liberdades essenciais.
→ Valores como a exaltação do regime democrático, a celebração do estado de direito e a glorificação dos direitos humanos, são esquecidos em nome da guerra contra o terrorismo.
→ O movimento geral das nossas sociedades já não tende para o respeito do indivíduo e das suas liberdades. Caminhamos para Estados cada vez mais policiais.
→ Os atentados de 11 de Setembro de 2001 procuraram gerar três tipos de resultados: destruição material, impacte simbólico e choque mediático.
→ Estes resultados deram origem a um aumento da supremacia dos EUA.
→ A globalização favoreceu o crescimento de organizações com estruturas flexíveis, não hierarquizadas, não verticais. Mas as organizações parasitas proliferaram igualmente nas mesmas condições.
→ Cresce a ideia segundo a qual entrámos num novo período da história contemporânea, no qual é de novo possível encontrar soluções militares para problemas políticos.
→ Com a globalização assistimos ao aparecimento de uma rede-estado, ou até, um indivíduo-estado: Osama Bin Laden.

Médio Oriente. A nova guerra dos cem anos
→ Os acordos de Oslo em 1993 foram uma série de acordos entre o governo de Israel e o Presidente da OLP, Yasser Arafat, mediados pelo presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton. Estes acordos previam a união de esforços para obter a paz entre os dois povos. No entanto, estes acordos não tiveram sucesso.
→ Em 2000, foram as negociações em Camp David, mas também fracassaram porque tanto o primeiro-ministro de Israel como Yasser Arafat não quiseram fazer concessões.
→ Ramonet considera que os Estados Unidos têm sido parciais a favor de Israel e que fazem pender a balança para o lado que é mais favorável aos seus interesses.
→ A solução para o conflito passa, segundo Ramonet, pela reconciliação entre os dois povos, pressupondo que cada um assuma a sua história.

Globalização/Antiglobalização: Guerra social planetária
→ Ao longo da história, qualquer invenção capital altera a ordem das coisas, inflecte a trajectória de uma sociedade, dá origem a um movimento de longa duração.
→ Com a aptidão de vir a substituir o cérebro, cada vez mais o computador provoca transformações espantosas e únicas.
→ Tudo se altera à nossa volta: geopolítica, economia, ecologia, valores sociais, cultura e atitudes individuais.
→ As tecnologias de informação e da comunicação e a revolução digital, abriram caminho a uma nova era de transporte imediato de dados imateriais e a multiplicação das ligações e das redes electrónicas.
→ Assistimos ao aumento do poder de empresas mundiais que têm vindo a tornar impotentes os poderes dos Estados, dos partidos e dos sindicatos.
→ O principal fenómeno actual, a globalização liberal, não é liderado pelos Estados mas pelas empresas gigantes.
→ Neste início de século, a mundialização económica provoca o reaparecimento da mendicidade, do desemprego, das classes desfavorecidas, e principalmente das crianças trabalhadoras.
→ Dos seis mil milhões de habitantes da Terra, cinco mil milhões são pobres.
→ A primeira causa de tanta miséria e pobreza é devida à mundialização económica que generaliza e agrava esta realidade.
→ A liberdade total de circulação dos capitais destabiliza as sociedades democráticas. Por isso se torna importante implementar mecanismos dissuasivos.

A guerra do Kosovo e a nova ordem global
→ A Jugoslávia foi fundada depois da II Guerra Mundial e era composta pelas repúblicas da Eslovénia, Croácia, Bósnia-Herzegovina, Macedónia, Montenegro e Sérvia.
→ A partir de 1991 começa-se a assistir ao desmembramento da ex-Jugoslávia, conduzido pelos nacionalistas de cada república. Através da guerra, Eslovénia, Croácia e Bósnia-Herzegovina, tornam-se independentes.
→ O Kosovo era uma província da Sérvia mas, em 1989, este estatuto foi abolido por Slobodan Milosevic. A população kosovar era essencialmente de origem albanesa e muçulmana, contrariamente ao resto da Sérvia. Os kosovares começam a revoltar-se e tenta-se alcançar um acordo por via pacífica.
→ Entre Janeiro e Março de 1999 tenta-se restabelecer a autonomia do Kosovo e que Belgrado respeitasse as liberdades dos kosovares, no entanto, estas negociações falham. Ramonet acusa os Estados Unidos de teimosia, porque impuseram a presença da NATO para verificar a aplicação dos acordos e Milosevic não concordou.
→ O Kosovo é actualmente uma província da república da Sérvia e está sob protectorado da comunidade internacional.
→ A 24 de Março de 1999 a NATO levou a cabo uma ofensiva aérea sobre a Sérvia, sem o consentimento do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
→ Ramonet considera que a União Europeia interveio neste conflito por razões de ordem estratégica, devido à capacidade do Kosovo exportar para a União Europeia desordens e conflitos.
→ Já os Estados Unidos intervieram como forma de legitimação da NATO. O Kosovo deu aos Estados Unidos a hipótese de aplicar o novo conceito estratégico da NATO: funcionar como o braço armado da globalização.
→ A partir de Março de 1999 temos uma nova ordem global, em que as razões humanitárias passaram a ser consideradas moralmente superior a tudo.

Ecossistema em perigo: novos perigos e ameaças/ Outro mundo é possível
→ Antes do século XXI, a natureza era responsável pelas grandes desgraças do homem, provocando devastações, incêndios, doenças. Na primeira metade do século XXI, passa a ser o homem o principal causador das suas desgraças. Assiste-se a mortes à escala industrial, êxodos, destruições em massa, perseguições.
→ Surgem assim, no início deste século, novos medos e ameaças que representam um perigo, não só para o ser humano, mas também para o meio ambiente:
→ O pavor nuclear, mesmo após a Guerra Fria, com os tratados internacionais proibindo a proliferação nuclear, não desapareceu, nem os riscos inerentes.
→ A identidade tem provocado igualmente muitas preocupações devido à cada vez maior intervenção neste domínio, através da clonagem, produção de animais transgénicos, etc. Para Ramonet, a ciência ultrapassou a ficção e os seus resultados podem ser perigosos.
→ No entanto, os cidadãos estão também preocupados com os avisos de carácter ecológico.
→ A ameaça da desflorestação global está ligada não só a uma catástrofe ambiental como também bolsista devido ao modelo hiperprodutivista centrado unicamente nas exportações. Isto tem provocado uma destruição dos recursos naturais que colocam o futuro da humanidade em perigo.
→ A globalização tem sido a principal responsável pelas catástrofes que têm sucedido em todo o Mundo. Ramonet considera a globalização «(…) a pilhagem ecológica da Terra.». A globalização permite também que os germes se desloquem à velocidade dos aviões e espalhem as mais variadas doenças, como a sida.
→ Estes novos receios nascem de uma decepção e de um desencanto provocado pelas evoluções técnicas. O progresso técnico foi absorvido pelo sector económico e instrumentalizado pelas empresas que procuram o lucro.
→ A globalização e o laxismo dos dirigentes permitiram uma mutação do poder. Os verdadeiros senhores do mundo já não são os que detém as aparências do poder político mas os que controlam os mercados financeiros, as auto-estradas da comunicação, as indústrias informáticas, as tecnologias genéticas
→ No entanto Ramonet sonha com a construção de um outro mundo e sugere um Programa para Mudar o Mundo. Estabelecer uma nova economia, abolir os paraísos fiscais, nova forma de distribuição do trabalho, rendimento de base incondicional para todos e o apoio os países do Sul, são as principais medidas. Transformados em objectivos políticos concretos para este novo século.

terça-feira, 10 de abril de 2007

Casa de Estudos


"Aqui o local e o mundo se entrelaçam, globalizando-se o local e onde o global se localiza, e dão expressão a uma forma de pensamento que não é mais do que a necessidade de alimentação da nossa alma conjunta, quase sempre com a Língua Portuguesa no epicentro desta espiral em forma de Blog/Revista. Organização de Luis Santos."

terça-feira, 20 de março de 2007

A rede é a mensagem


«Se as tecnologias de informação são o equivalente histórico do que foi a electricidade na era industrial, na nossa era poderíamos comparar a Internet com a rede eléctrica e o motor eléctrico, dada a sua capacidade para distribuir o poder da informação por todos os âmbitos da actividade humana.(…) a Internet constitui actualmente a base tecnológica da forma organizacional que caracteriza a Era da Informação: a rede.» Manuel Castells (p.15)

N’ A Galaxia Internet, Manuel Castells examina o fenómeno Internet. Fá-lo a partir de uma perspectiva social, começando por explicar a sua história e cultura. A partir daqui, o autor passa a analisar o impacto da Rede no mundo, nas sociedades, nas economias, nas políticas, na própria geografia.
Entusiasta das tecnologias de informação, o autor não deixa no entanto de reconhecer as fraquezas que se lhe associam.
Se a Internet é algo de positivo para quem dispõe desta tecnologia, o que acontece àqueles que não têm acesso, ou que não sabem tirar partido dele? Estas mudanças impostas pela utilização da Internet por parte de alguns, que consequências comportam para os outros? O que significa para um indivíduo, para um país, para uma região, ser info-excluido?
Nesta Era da Informação, que sequelas sofrem aqueles que não têm as ferramentas necessárias para aceder à informação, ou para transformar essa informação em conhecimento?

Estamos na Era da Informação, e a distribuição desigual da informação - ferramenta essencial para operar nas sociedades actuais do mundo ocidental – está a criar desequilíbrios, quer dentro das sociedades, que se fragmentam cada vez mais em grupos sociais distintos, quer a nível global, tornando mais distantes as realidades sociais dos países desenvolvidos e dos países em desenvolvimento.
Por mais que experimentemos os efeitos da globalização, e a Internet tem o potencial para a optimizar essa experiência, a verdade é que existem factores de fundo que comprometem seriamente esta ideia de aproximação global. Em certas circunstâncias, as distâncias parecem aumentar: é cada vez mais difícil para os info-excluidos acompanhar o ritmo imposto por sociedades que se organizam em torno da Internet.


Redes de informação:

- Ferramentas organizativas
- Flexíveis e adaptáveis


Internet:

- Meio de comunicação de muitos para muitos
- Global e intemporal
- Estruturação de actividades económicas, sociais, políticas e culturais
- Sociedade em Rede - Galáxia Internet
- Info-exclusão
- Tecnologia de informação livre mas que não permite liberdade
- Relação de interacção: influenciamos a Intenet e somos influenciados por ela


Apesar da promessa da Era da Informação ser associada às ideias de liberdade e de igualdade, veiculada através de novas tecnologias precisamente em forma de rede, a realidade mostra que estes ideais demoram a chegar.

Bibliografia adicional

MARTINS, Hermínio; GARCIA, José Luís (coord.) – Dilemas da Civilização Tecnológica. Lisboa: Instituto de Ciências Sociais, Outubro de 2003.

WOLTON, Dominique - E depois da Internet? - para uma teoria crítica dos novos médias. Lisboa: Difel, 2000.

RODRIGUES, Adriano Duarte - Comunicação e Cultura - a experiência cultural na Era da Informação. 2ª Edição. Lisboa: Editorial Presença, 1999.

MCLUHAN, Marshall - Os meios de comunicação como extenções do homem. São Paulo: Cultrix, 1988.

Para mais informações consultem o blog Globalizantes.

terça-feira, 13 de março de 2007

Ignacio Ramonet


Ignacio Ramonet é doutor em Semiologia e História da Cultura e catedrático de Teoria da comunicação; é especialista em geopolítica e estratégia internacional (especialista­‑consultor das Nações Unidas); foi premiado em numerosas ocasiões pelo seu trabalho jornalístico e é autor de vários livros. É fundador da ATTAC (Associação para a Taxação das Transacções financeiras para Ajuda aos Cidadãos), um movimento de cidadania global que propõe uma globalização alternativa à globalização neoliberal. Ignacio Ramonet é ainda o director do reputado jornal mensal de geopolítica Le Monde Diplomatique.








terça-feira, 6 de março de 2007

Cidadania Liberal VS. Cidadania Democrática

Com a Revolução Francesa nasce a cidadania liberal. Este novo sistema político é sustentado pelos ideais de igualdade, fraternidade e liberdade.
Apesar de liberal, este sistema não permitia que as mulheres e as classes sociais mais baixas participassem activamente na política.
Com o passar dos anos, há uma democratização da cidadania liberal, isto é, todos, independentemente da sua classe social ou género, passam a participar na vida política, dando assim origem à cidadania democrática.



Democracia

- Novos movimentos sociais (anos 60)
- Emancipação pessoal, social e cultural
- Movimentos de participação por grupos sociais
- Papel decisório dos cidadãos
- Direitos humanos confiados à sociedade civil


Democracia Liberal (anos 80)

- Desmembramento da URSS e queda do Muro de Berlim
- Transformações económicas, políticas e sociais
- Conjunto de inovações: revolução tecnológica
- Pós-modernidade



Pós-modernidade



- Boaventura Sousa Santos – “Socialismo real”
- Chantal Mouffe – Democracia Radical e Plural
- Joaquim Coelho Rosa –“despotismo esclarecido”



Informações adicionais



terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Novas Tecnologias e Sociedade

"O grande desenvolvimento da electrónica digital, dos computadores e das telecomunicações, associado à indústria da defesa, assumiu, na segunda metade do século XX, uma importância crucial, pela dinâmica interactiva que estabelece com todas as esferas da sociedade, automatizando um conjunto cada vez mais largo de tarefas e serviços. Mais recentemente, o cruzamento da Ciência Informática com as Telecomunicações tem permitido criar e desenvolver o conceito de rede de comunicação, em que se começam a apoiar grande parte das actividades sociais e culturais das sociedades, benificiando da disponibilização e partilha 'on line' de informação actualizada.
Que estamos na entrada de uma nova Era, parece não haver dúvidas. De que forma, no entanto, as diversas sociedades (re)construirão as suas formas de organização social, no confronto dilemático entre crescimento, competição, solidariedade e desenvolvimento sustentável, é uma reflexão importante que se coloca a todos os cidadãos e, em particular, aos futuros profissionais de Comunicação Social."